"A boca fala do que o coração está cheio."

sábado, 12 de janeiro de 2008

Calabouço domiciliar


Ela estava cansada. Sua vontade era de comer e cair sobre as páginas do livro até o sono chegar. Mas não podia fazer isso. Não hoje, porque seus amigos haviam acabado de chegar de viagem e marcaram uma saida. Ela estava morrendo de saudade deles e a falta que eles faziam, era maior que o seu cansaço.
Abriu o guarda-roupa e escolheu uma roupa que lhe fazia muito bem. Olhou-se no espelho e sentiu-se satisfeita com o que via refletido ali. Um barulhinho nas suas costas, anunciava que havia recebido uma nova mensagem instantânea. Era ele! Queria vê-la e estaria no mesmo lugar onde ela estaria com os amigos. Mais do que no instante anterior, ela sentia-se es-plên-di-da. Nada poderia estragar aquela noite!
Uma das suas músicas favoritas tocava no volume máximo e ela olhou o relógio. Minha nossa... já estava atrasada!
Pegou sua bolsa e desceu a escada correndo, com um sorriso no rosto e uma música na cabeça.
Olhou para a porta e não viu as chaves. Onde elas estavam?
Procurou no sofá, na mesinha, na estante e em toda a sala.
Procurou na mesa, no balcão, em cima da geladeira e em toda a cozinha.
Procurou no guarda roupa, na cama, na prateleira, na cômoda, na mesinha e em todo o quarto.
Procurou, procurou, até que o sorriso se desfez e a música já não ecoava nos seus ouvidos.
Não encontrou as chaves.
Não pôde sair.
Não viu os amigos.
Não o viu.
Ela quis chorar e ela chorou.
Ela quis chocolate e ela comeu.
Ela quis ouvir músicas tristes e ela ouviu.
Ela queria encontrar as chaves e não conseguiu.

Nenhum comentário: