"A boca fala do que o coração está cheio."

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

A Falta



No caminho de volta ao lar, ela viu aqueles riscos amarelados, no céu azul. E alguma coisa naquelela aquarela celestial, despertou uma dor já conhecida, e, talvez por isso mesmo, já confortável. Ela sentiu o calor, não do sol, mas do abraço dele. E os riscos amarelos tranformaram-se em ponte. E a música caiu leve nos ouvidos. E a cidade já não era a mesma.

Ao chegar em casa, teve vontade de sair, de refazer os caminhos por ela e ele já percorridos. Calçou novamente os sapatos, mas ao sair, olhou o relógio da cozinha e viu que por mais que desejasse, o trânsito daquele horário era maior que tudo. Deitou na cama para fingir ouvir música, quando na verdade, a lembrança da voz dele é que estaria entrando pelos seus ouvidos. Sentiu uma saudade doída, daquelas que não sentia desde o dia seguinte ao que ele havia partido. Então as lágrima caíram, como pétalas de um girassol ressecado que não voltará a buscar o sol.

Na cama, entre flores, sons e nuances do céu, ela viu uma estrela -a primeira da noite- sozinha lá em cima. Na sua cabeça, estava sozinha como aquela estrela, pois apesar de estarem sob o mesmo céu, ele não estava por perto. A música, e ao mesmo tempo, o seu pensamento, diziam: "I can't take my mind off you..."

Pensou no dia que estaria por vir e lembrou que ele não estaria com ela ao amanhecer. Ele não estaria aqui, quando aquela nuvem escura resolvesse desabar no meio da noite. Não estaria aqui pra dividir o memso travesseiro. Ele simplesmente não estaria...não estaria...não! "Ele está comigo sim." Apertou o anel no seu dedo, chorou um pouco mais e soube que ele estava bem ali.

Pensou no amor que os uniu, nos momentos que passaram juntos e nos que, com certeza, ainda passariam. A saudade ainda estava com ela, mas dessa vez o amor também estava lá. E ela entendeu que essas duas coisas andariam sempre de mãos dadas, como grandes amigas. Entendeu que jamais viveria sem ele, porque estavam ligados como o entardecer e o amanhecer. Teriam um ao otro, independente de qualquer coisa. Teriam seus beijos intermináveis, suas mãos entrelaçadas, seus abraços firmes e bem encaixados, seus risos bobos e tantas outras coisas que só eles podiam imaginar.

Sentou em frente a janela, sentiu o ar fresco e viu uma segunda estrela, próxima da primogênita da noite. Sorriu suavemente e soube que era ele que havia se aproximado dela. Foi esperar a chegada das 23:00 horas.

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Pela primeira vez, exponho-me tão abertamente nesta página da internet. Essa da história não é outra, senão inteiramente eu. O texto é simplório, mas você, Amor meu, pode me ver entre os espaços e tansformar o que eu digo. Só queria estar perto e poder dizer que te amo muito.