Ana molhava os pés no mar e banhava a alma de sensações.
Há tempos ela já havia o deixado.
Há tempos ela tentava ser mais alegre.
Hoje ela lembrava daquele último diálogo.
"Faz dois meses que me transformei numa pessoa que já foi feliz."
E as lágrimas chegavam na pálpebra inferior, mas Ana não permitia que elas invadissem o seu território facial, tão levemente maquiado.
E o coração doia.
E o orgulho estava ferido.
E o pé doia, porque uma búzio-presente do mar- o havia ferido.
Ana sentou ali mesmo, na beirada da praia, molhando seu vestido sem cor e viu o sangue escorrer pelo pé. Ela chegou a conclusão de que a dor sempre vencia. Não podendo esvair-se pelos olhos, o corpo encontrou outra maneira para liberar a sua sensação de desprazer.
Ah...!
As palavras dele: "minha pequena".
Ana sentiu-se minúscula por estar pensando aquilo. Tão pequena, que desejou que ele a abraçasse e a protegesse.
"Não. Basta!"
Decidiu dar [a]deus a sua vida.
Foi caminhando pela praia com um só pensamento na cabeça.
Ao chegar em casa ela pôs aquele vestido velho, que só usava em ocasiões especiais. Aquele vestido vermelho e em excelente estado. Penteou-se muito bem e colocou a corrente no pescoço.
Pronto!
Estava pronta pra abandonar a vida.
Naquele exato momento o interfone tocou e ela viu o carro parado lá embaixo.
Olhou-se mais uma vez no espelho e saiu com aquele homem que há tanto tempo a convidava pra jantar.
E ela finalmente conseguiu morrer.
Despediu-se da vida, luxuosamente.
Ana foi. Com a corrente no pescoço.
Morreu sufocada com a jóia de família.
12 comentários:
Por quantas vezes vamos morrer em belos trajes?
Há vida depois de alguma delas?
Até onde podem nos levar para que decidamos usar linda jóia de família?
Estou pagando pra "vida" me mostrar.
Lindo!
Heheheh nem vi que tinha bloqueado a visualização do meu perfil...hehehehe
daqui a pouco vou ler seu texto...sempre vale a pena né!!!
Bjão...!!
Sempre as mais linda-tristes estórias. ♥
Mto bom n�...
o ca�ador de pipas...ambos...
filme e livro...
n�o h� d�vidas que livros sempre t�m mais detalhes...e mais emo�o...
mas o filme foi bom
opaaa aparece l� no de filme...seu acrescimo s�o bem vindos...
bjos
gostei, acho a morte um prato cheio de luxo e de sinceridade!
tem coisa mais real do qeu a morte?
Dialogue sobre!
belo um bj!
Camiiiiila,
Deixei comentário em um post antiiiiigo... de janeiro. Coisas de Marília. Mas tudo está dito lá.
Estou meio ausente do *TM* por falta completa de tempo, mas sempre que posso, visito os amigos e agradeço as palavras.
Beijo!
Morte! Eita tema difícil heim....
Por que o terno, né?
Por que o vestido???
Ah, o orgulho humano, tentando sentir-se pleno e belo, até mesmo para morrer...
Talvez se Ana tivesse olhado pra dentro e descoberto o poquinho de luz que ainda restava nela,faria da dor um apoio pra o que chamam de vida.
Volta lá sempre que quiser!!
beijo
E a beleza do que podia ser grande indo embora com alguns simples detalhes...
Que texto lindo!!
Maravilhosa tua escrita.
Beijo enorme!
Hum
muito bom moça
gostei de suas palavras
vcolte sempre ok
e minha visita aqui tb jah eh garantida
sempre!
passa lah
atualizei
=D
;)
Coragem ou covardia?
beijos daqui...
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