
E hoje eu tive vergonha de me ver no espelho.
Abri os olhos, pensei no que se havia passado na noite anterior.
Me arrependi tanto de ter dito aquelas coisas!
Senti raiva por ter feito a declaração perfeita de amor, para a pessoa errada ou no momento errado.
Disse coisas que não cabem mais ser ditas. Coisas que estão bem (mal) aqui só comigo.
A minha única esperança é que as minhas palavras se dispersem no vento e sejam ditas, misturadamente, por essa outra pessoa.
Verdadeiramente, não quero que fique com ela, mas já que escolheu assim, então segure-a pela mão e diga em sons, quase imperceptíveis, o quanta a ama.
Seja lá o que ela disser ou fizer depois disso, quero que lembre de mim.
Quero que me recorde como pessoa, não que as minhas palavras ecoem na sua cabeça.
Quero antes que sinta o calor que exala de mim, quase vitalizando-me ao seu lado.
E quando você estiver quente, eu já não estarei mais contigo. Então olhará para a pessoa que está com você e terás a resposta para a indecisão que julgas sentir.
Escrevo esta carta com remetente e destinatário, mas que nunca chegará.
Esta vai pra junto das tantas outras que escrevi.
Vai ficar na caixinha de música, onde há uma bailarina que gira pra um lado só e onde guardo meus pensamentos igualmente mal-fabricados.